Foto: Shutterstock
Além de ser isento de adubos químicos e agrotóxicos, o alimento orgânico também é livre de hormônios e de radiações ionizantes, que produzem substâncias cancerígenas, e aditivos químicos, como corantes e aromatizantes.
A agricultura orgânica tem como objetivo a auto sustentação da propriedade agrícola, a minimização da dependência de energias não renováveis e a oferta de produtos saudáveis e de elevado valor nutricional para a sociedade. Esse mercado está ganhando cada vez mais espaço entre os consumidores brasileiros. No início de 2016, foram registrados 11.084 produtores no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, a maioria se concentra nas regiões sul e sudeste: Rio Grande do Sul (1.554), São Paulo (1.438), Paraná (1.414) e Santa Catarina (999).
O setor se expandiu rapidamente em países ricos e agora passa a ser visto como oportunidade por países emergentes, como o Brasil, que, atualmente, já está exportando alimentos orgânicos para mais de 76 países. Enquanto a produção mundial cresce a uma taxa média de 4,5% ao ano, o país vem registrando nos últimos 5 anos um crescimento de 30% ao ano, com faturamento de R$ 2,5 bilhões somente em 2015. A área de produção orgânica abrange mais de 950 mil hectares, nos quais são produzidos alimentos como hortaliças, cana-de-açúcar, arroz, café, castanha do brasil, cacau, açaí, guaraná, palmito, mel, sucos, ovos e laticínios.
A tendência de crescimento pode ser explicada pelo fato de que os brasileiros se mostram mais preocupados com a saúde do que a média global. De acordo com uma pesquisa do grupo varejista britânico Tesco, feita com 18.000 pessoas de 18 países, 79% dos brasileiros disseram que saúde e nutrição são prioridade em sua vida . No Reino Unido são 55%; nos EUA, 66%. Mas, apesar disso, o IBGE revelou que 80 milhões de brasileiros estão acima do peso – o que equivale a 56,9% da população – e as comidas orgânicas são uma ótima indicação para a reeducação alimentar .
Para iniciarem no negócio e se destacar no mercado, empresas e profissionais buscam qualificação e certificações para oferecer produtos livres de agrotóxicos e cultivados de maneira sustentável. A legislação brasileira estabelece três instrumentos para garantir a qualidade dos alimentos: a certificação por auditoria (que fornece o selo oficial), os sistemas participativos de garantia e o controle social para a venda direta sem certificação. O governo também tem estimulado a difusão da agricultura orgânica com cursos de capacitação e promoção de feiras orgânicas.
Segundo Ana Vecchi, sócia-diretora da Vecchi Ancona, o empresário que deseja investir em um empreendimento deve ter bem alinhado qual será o seu público, o conceito do seu negócio e quais produtos irá oferecer. “Logística, entrega e prazo de validade devem ser bem estudados para o serviço não ficar em falta para os clientes, que podem depender dele para a própria alimentação. Além disso, o consumidor desse nicho é muito consciente sobre o produto. Portanto, além de ser engajado na cultura orgânica, o empreendedor obrigatoriamente deve ter as certificações – caso contrário, não vingará”, diz.
Atualmente, os produtos orgânicos são mais consumidos pelas classes A e B, mas Anna espera que, com o mercado em crescimento e as previsões positivas, os custos de produção e, consequentemente, dos produtos fiquem mais acessíveis ao consumidor. Para ela, essa mudança também ter que acontecer por parte dos empreendedores. “Os empresários devem ter consciência de que não estão vendendo apenas produtos, como também informação, por isso devem estudar muito a causa”, explica. “Alimentos orgânicos não devem ser vistos apenas como lucro, mas sim como uma alternativa a uma vida mais saudável, evitando os malefícios de uma alimentação carregada de livres de agrotóxicos”.