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Fernando Cymrot começou a desenhar o plano de negócios do Canal da Peça, plataforma online para a venda de peças automotivas, em 2012, quando ainda cursava a faculdade. Na época, ele e o sócio Vinícius Dias sentiram dificuldades para formalizar o documento e lidar com potenciais investidores.
Algum tempo depois, a dupla teve a oportunidade de participar de um processo de mentoria e foi aconselhada por um profissional mais experiente. Os jovens empreendedores passaram a trocar experiências com o mentor sobre cada um dos desafios críticos que surgiam em seus negócios. Para Cymrot, empreendedores que buscam mentores têm mais chances de alcançar o sucesso: 'o impacto na montagem de uma empresa é direto, pois faz com que você tome decisões mais embasadas e com novas cartas na mesa. Isso economiza tempo e dinheiro, além de evitar que erros sejam cometidos novamente.'
Ao pensar em um processo de mentoria, muitas pessoas imaginam um executivo sênior aconselhando um jovem iniciante. No entanto, esse padrão pode estar desatualizado. Nos dias atuais, receber conselhos de um mentor pode ser interessante mesmo para um profissional que já esteja consolidado no mercado. 'O mentor apadrinha um profissional para compartilhar conhecimentos de gestão e desenvolvimento de carreira, por isso, há muita troca de experiências', explica a diretora de Produtos e Serviços da Amcham, Camila Moura. Segundo ela, o processo pode ocorrer entre o líder de uma grande companhia e o empreendedor de uma startup, por exemplo, ou entre profissionais que atuam numa mesma organização'. O diretor do MBA Empresarial, Maurício Betti, acrescenta que um mentor é um parceiro que ajuda pessoas e empresas a atingirem seus objetivos pessoais e profissionais: 'ele auxilia nos momentos de decisão. Vejo que muita gente sente falta de um apoio ou uma referência para guiar a carreira, sobretudo, na área de empreendedorismo.'
Uma ponte para os atalhos
Entre os principais lados positivos de ter um mentor para Cymrot está a possibilidade de tomar decisões com mais confiança. 'O mentor, que já passou por experiências semelhantes, traz alguns insights para esse empreendedor. No entanto, ele não diz o que você tem que fazer: o mentor te dá mais argumentos e ferramentas para você tomar suas decisões da melhor forma possível.'
Por outro lado, Betti esclarece que o processo deve ser uma via de mão dupla: 'para quem recebe, existem a segurança de receber conselhos de alguém que já passou por aquilo e a chance de aprender o caminho das pedras. Para o mentor, ficam o prazer e a vontade de ajudar pessoas a desenvolver o país e o potencial delas, ou seja, há um sentido social nesse trabalho.'
De acordo com Camila, como toda relação permite troca de experiências, ambos saem ganhando. 'O profissional pode ampliar seu repertório e desenvolver mais segurança e autoconhecimento. Já o mentor, pode alcançar tudo isso e ainda obter mais satisfação pessoal e profissional, visibilidade e reconhecimento.'
No Brasil e no mundo
No cenário internacional, ter um mentor já não é mais uma tendência, mas sim uma realidade. Vários dos grandes líderes e empreendedores dos dias atuais receberam conselhos de alguém. Nos Estados Unidos, por exemplo, John Doerr foi mentor de Steve Jobs e hoje realiza mentorias com líderes como Larry Page, do Google, Jeff Bezos, da Amazon, e Mark Pincus, da Zynga. Para Camila, o conceito está se difundindo no Brasil. "Há redes de bolsistas e startups em que os mais antigos 'adotam' os mais novos e existem professores e consultores que também estão se envolvendo nesses processos". Betti acrescenta: 'ainda faltam referências nessa área e uma estrutura mais bem desenvolvida de mentoria.'