Para quem viveu no século XI a vida não mudava muito. Uma pessoa vivia do mesmo jeito que os seus ancestrais, e não havia razão para acreditar que as coisas fossem mudar para os seus descendentes. Se o ritmo das inovações fosse colocado numa linha, ela seria reta nesse trecho. Mas o que a população do século XXI não tinha como prever era que o ritmo das inovações cresce levemente inclinado no começo, até que faz uma curva brusca para cima. No momento, a sociedade está entrando no começo dessa curva brusca, e nós só podemos imaginar o que isso significa.
O jornalista norte-americano Thomas Friedman, ganhador de 3 prêmios Pulitzer e colunista do New York Times, falou sobre o assunto na HSM Expo 2016 realizado em São Paulo. De acordo com ele, em 2007 a conectividade e o poder dos computadores aumentou tanto, e ficou tão barato, que permitiu mudanças incríveis e que proporcionaram as tecnologias – e incertezas – que a sociedade vive hoje.
O ano de 2007 pode parecer um tanto arbitrário, mas com um pouco de atenção percebe-se que esse não é o caso. Em janeiro de 2007, o iPhone foi lançado. Mais tarde nesse mesmo ano o Facebook se tornou público e o Twitter foi lançado na sua plataforma independente. Hadoop, que, nas palavras de Friedman, é “a empresa mais importante da qual você nunca ouviu falar” abriu as portas nesse mesmo ano. Também em 2007, o maior depósito de softwares, o GitHub, foi lançado. Assim como o Kindle, o Airbnb e o Change.org. Foi em 2007 que o Google inventou o Android e comprou o YouTube. O Watson, primeiro sistema cognitivo de computador, que é capaz de entender pesquisas sobre câncer e dar sugestões a médicos, foi inventado em 2007.
O custo para sequenciar o genoma humano caiu drasticamente em 2007, e a tecnologia para o uso da energia solar decolou. O custo para se produzir um Megabyte de informação diminuiu significantemente em 2007. E tudo isso culminou na formação, também em 2007, de um dos aspectos mais importantes da vida moderna: a nuvem. Friedman admitiu não gostar do termo. “A ‘Nuvem’ soa tão inofensivo, parece uma música. Algo fofo, abraçável. Mas a Nuvem não é nada disso, ela é uma supernova. Uma estrela prestes a explodir, a maior força da natureza”, falou Friedman.
Mas por que isso não ficou evidente? Porque o ano de 2007 já não é amplamente reconhecido como o início de uma nova era? A explicação de Friedman é simples: porque 2008 aconteceu. Assim que as tecnologias chegaram ao auge do seu poder até o momento, as estruturas políticas e sociais pararam de funcionar. E agora a sociedade está vivendo as consequências disso: um mundo instável política e tecnologicamente, e que só tende a se acelerar.
Friedman explica que “estamos vivendo na segunda parte do gráfico, e é onde as coisas mais estranhas começam a aparecer. Como carros que dirigem sozinhos e computadores que podem ganhar de qualquer um no xadrez.”
Uma das grandes mudanças que isso ocasiona agora é que o potencial oferecido a um único indivíduo é tremendo: com a tecnologia que temos disponível, uma só pessoa é capaz de consertar todos os problemas do mundo ou de quebrá-lo completamente.
O papel das empresas nesse cenário não é só o de se apavorar com as crescentes mudanças. Para sobreviver, é vital que corporações sejam capazes de aproveitar dessas tecnologias, por que se elas não o fizerem – se não se adaptarem – alguém fará. E agora essa pessoa adaptada pode, sozinha, derrubar uma empresa que não aproveita os recursos disponíveis a ela. Ao invés de temer a supernova, permita que a sua empresa aproveite o fluxo de informações saindo dela. O futuro já começou, e ele não vai esperar pela sua empresa.