| A cada dia fica cada vez mais claro para mim a principal característica que as pessoas que querem empreender precisam desenvolver: a ativação. É a capacidade que uma pessoa tem de fazer com que uma ideia, um plano ou um sonho saia do papel. É muito comum vermos as pessoas que querem empreender sabotarem a si mesmas, investindo todo seu tempo na criação de um plano perfeito e ficando sem tempo nenhum para realmente colocar a ideia em prática, deixando de lado justamente a ativação. |
Facilitação de vivências: colocando no papel a realidade
Recentemente, participei de uma atividade de facilitação de vivências em que as pessoas eram convidadas a se expor frente ao público e assumir que o seu plano não precisaria estar 100% perfeito para começar um bom negócio. Dessa maneira, cada pessoa tinha duas horas para criar um negócio e ir pra rua vendê-lo.
Primeira fase da vivência
Os participantes manifestaram um pouco de medo e bastante insegurança. Eram comuns perguntas como “Vou ter que vender?”, “Na rua?”, “Tenho que ganhar dinheiro de verdade?”, “Mas e meu produto?”, “Vocês estão brincando né?”
Segunda fase da vivência
Nesta etapa os participantes começavam a desenvolver sua ideia de produto e seu discurso de venda. Essa foi uma etapa especialmente valiosa para todos nós, visto que é impressionante a quantidade de ideias que as pessoas são capazes de gerar, mesmo com um produto simples. E é exatamente nesse momento que percebemos o prazer que as pessoas têm em planejar, idealizar e tentar colocar um sonho em ação.
Terceira fase da vivência
Era baseada na preparação do serviço ou produto que iria ser oferecido para os clientes. Dividimos, portanto, os participantes em grupos e permitimos que eles determinassem suas próprias responsabilidades. Nessa etapa pudemos perceber um insight muito bacana. Geralmente, quando optamos por empreender, tentamos fazer o máximo das atividades possíveis sozinhos. Essa situação resulta em uma carga de cobrança absurdamente grande, visto que, sozinhos, teremos que ser os melhores vendedores, planejadores, financistas e operacionais da empresa. A chave do sucesso, portanto, não é ter um sócio, mas sim iniciar o seu pensamento empreendedor sempre com pessoas do seu networking em mente, para que possam lhe ajudar em boa parte das tarefas.
Quarta fase da vivência
É a venda na rua. As primeiras abordagens que os futuros empreendedores se arriscam em fazer geralmente são desastrosas. Isso acontece porque essas pessoas estão absolutamente fora de sua zona de conforto: não conhecem plenamente o produto que estão vendendo, ficam envergonhadas ou constrangidas e não estão preparadas para lidar com as dúvidas ou as rejeições que podem surgir. A transformação dos participantes nessa ação acontece mais precisamente após a 3º ou 4º abordagem. É nesse momento que a equipe percebe que precisa realinhar o discurso e, dessa maneira, começa a direcionar a sua estratégia de acordo com o feedback dos primeiros clientes abordados. A partir desse conhecimento adquirido, o resultado começa a aparecer. Isso mostra o quanto eles valorizaram seus pontos fortes e foram capazes de sentir mais autoconfiança nesse processo.
O empreendedor só precisa da vontade de começar
Compartilho essa situação justamente para fazer um paralelo com as pessoas que lutam para conseguir empreender, mas sempre esbarram com as mesmas desculpas e dificuldades. Para começar você não precisa de dinheiro ou sair do seu trabalho, por exemplo. Além disso, errar faz parte do seu processo de amadurecimento no empreendedorismo, por mais que as escolas insistam em não ensinar isso.
Nunca acredite que você tem ou terá em mãos um plano perfeito: se você comete a falha de se prender a ele, jamais será capaz de evoluir o seu próprio negócio. Por isso a melhor maneira de ter sucesso ao empreender é simplesmente ter a vontade de tirar as ideias do papel.
Bruno Gagliardi é CEO do Centro Britânico Idiomas, conselheiro de autenticidade do prove.vc, especialista em modelos replicáveis e educacionais na DZN, coach e palestrante.
