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Aquecimento solar: mais economia e menos impacto ambiental



Privilegiado por seu clima que garante, em média, fração solar de 70% (total de dias no ano com isolação suficiente para utilizar o aquecimento solar sem complementação de outra fonte de energia), o Brasil está entre os 10 países que mais utilizam energia solar no mundo. Segundo dados do DASOL (Departamento Nacional de Aquecimento Solar) e da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento), 66% dos sistemas de aquecimento solar instalados no país são utilizados em residências (casas); 17% em piscinas; 9% no setor de serviços; 6% em prédios residenciais e 2% na indústria.
 
A comprovação de economia tanto no custo de construção (oriundo da necessidade de uma rede de eletricidade interna com menor capacidade) como na redução do gasto com energia elétrica fez com que a CDHU (Companhia de Habitação e Urbanismo do Estado de São Paulo) incluísse a tecnologia como padrão nos projetos habitacionais do estado paulista.
 
A perspectiva de economia foi exatamente o principal motivador para que o empreendedor Alberto Ivair R. Horny reformasse, em janeiro de 2009, o hotel de sua propriedade localizado no município de Rolim de Moura, em Rondônia, para receber o sistema e, assim, disponibilizar água quente para os 33 apartamentos do estabelecimento. Horny investiu cerca de R$ 45 mil na reforma e no sistema de aquecimento solar e viu sua conta de energia elétrica ser reduzida em 40%, gerando uma economia mensal próxima aos R$ 2,6 mil, e virou fã incondicional da solução.
 
O mais novo empreendimento de Horny, o Ecos Confort Hotel, em vias de ser inaugurado em Porto Velho, já foi concebido para que a água utilizada na cozinha e nos 25 apartamentos seja aquecida pela captação da luz solar. Projeto, equipamentos e instalação consumiram R$ 50 mil. “Não tenho dúvida de que compensa. Com o que vou deixar de gastar na conta da energia elétrica, pago o custo do sistema em apenas 24 meses”, garante ele, lembrando que há vantagem também na manutenção, mais simples e barata do que a constante troca de resistências dos chuveiros elétricos. “Além disso, há a questão do respeito ao meio ambiente, cada vez mais valorizada pelos clientes”, argumenta.
 
E se não tiver radiação solar?
 
Um receio comum no uso do aquecimento solar é justamente o impacto que a falta de sol pode causar. Para evitar este problema, todos os sistemas de aquecimento solar para água devem contar com um sistema auxiliar para quando o tempo ficar nublado ou chuvoso por vários dias. No caso do hotel de Horny, por exemplo, quem faz este papel é uma resistência elétrica que, quando ligada, mantém aquecido o boiler, onde a água quente é armazenada. Enquanto a resistência de um chuveiro elétrico consome 4.500 watt por litro, o gasto do mecanismo é calculado em 1.500 watts. 
 
O uso do sistema auxiliar, no entanto, é muito mais preventivo do que efetivo, pois é necessário um bom tempo sem radiação alguma para o sistema solar ficar inoperante. “Neste um ano e quatro meses, lembro de ter acionado o sistema auxiliar apenas três vezes. E não por problema de falta de radiação, mas principalmente para não correr o risco de causar problemas no sistema complementar por falta de uso”, conta Horny.
 
Apesar de suas vantagens, a opção pelo aquecimento solar requer alguns cuidados. “Para garantir a qualidade, é indispensável adquirir equipamentos que tenham os selos do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) e do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica)”, alerta Marcelo Mesquita, gestor do DASOL. Ele também recomenda o apoio de profissionais de empresas associadas ao Qualisol (Programa de Qualificação de Fornecedores de Sistemas de Aquecimento Solar) na instalação do sistema.
 
Com o planejamento de um bom projeto, segundo Mesquita, é possível dimensionar corretamente o número de placas coletoras, a capacidade de armazenamento do boiler e, principalmente, a viabilidade técnica do uso da solução. Em um local com baixa insolação, por exemplo, rodeado de prédio ou de árvores que criam sombras, o investimento no sistema pode não ser viável.
 
É preciso também avaliar o custo-benefício caso a caso. Para investir na adaptação necessária para a instalação do sistema, deve ser levado em conta o volume de água quente utilizada e a perspectiva de duração do empreendimento. É o que diz o gerente do DASOL. Criar toda uma estrutura para uma mudança de ponto comercial em curto prazo, para Mesquita, pode comprometer os benefícios da economia gerada pela solução. Ele acrescenta ainda a necessidade da avaliação do tipo de negócio oferecido no local.
 
Tire duas dúvidas sobre aquecimento solar
 
1- O que é um aquecedor solar?
É um sistema de aquecimento de água por meio da captação da energia solar em painéis termo-solares.
 
2- Como é formado?
Um sistema básico de aquecimento de água por energia solar é composto de coletores solares (placas) e reservatório térmico (boiler).
 
3- Como funciona?
As placas coletoras são responsáveis pela absorção da radiação solar. O calor do sol, captado pelas placas do aquecedor solar, é transferido para a água que circula no interior de suas tubulações de cobre. O reservatório térmico é um recipiente para armazenamento da água aquecida. São cilindros - em geral de cobre, inox ou termoplástico - isolados termicamente com poliuretano expandido sem CFC (clorofluorcarboneto), que não agride a camada de ozônio. Desta forma, a água é conservada aquecida para consumo posterior.
 
A caixa de água fria alimenta o reservatório térmico do aquecedor solar, mantendo-o sempre cheio. Em sistemas convencionais, a água circula entre os coletores e o reservatório térmico através de um sistema natural chamado termossifão. Nesse sistema, a água dos coletores fica mais quente e, portanto, menos densa que a água no reservatório. Assim a água fria “empurra” a água quente gerando a circulação por convecção. Esses sistemas são chamados da circulação natural ou termossifão. A circulação da água também pode ser feita através de motobombas em um processo chamado de circulação forçada ou bombeado, e são normalmente utilizados em piscinas e sistemas de grandes volumes.
 
4- E quando não há sol?
Para garantir que nunca haverá falta de água quente, todo aquecedor solar traz um sistema auxiliar de aquecimento. E quando o tempo fica muito nublado ou chuvoso por vários dias ou a demanda fica acima do dimensionamento inicial, o sistema auxiliar - por exemplo, elétrico ou a gás - entra em ação. Existem produtos que acionam o sistema auxiliar de forma automática tão logo a temperatura da água comece a diminuir.
 
5- Quanto tempo leva para a água resfriar no reservatório?
Normalmente ocorrem perdas, mas a temperatura útil para uso pode-se manter por até dois dias, caso não se utilize o sistema ou o utilize parcialmente, podendo variar ainda em função da época do ano e região.
 
6- Como dimensionar quantos coletores solares serão necessários e qual a capacidade de armazenamento do boiler?
As necessidades são calculadas pelos técnicos das empresas especializadas em projeto e instalação e serão baseadas nas necessidades específicas de cada situação (números de pontos de uso de água quente, dimensão da piscina) e da região (com maior ou menor incidência solar).
 
7 – Qual a previsão de retorno do investimento?
O projeto não pode indicar com precisão o retorno sobre o investimento, pois existem muitas variáveis que devem ser analisadas, tais como a quantidade de água quente a ser usada pelo empreendimento, custo da reforma (se o imóvel já estiver construído) e custo da energia elétrica local. Em linhas gerais, o retorno se dá entre 24 e 36 meses e a vida útil do equipamento pode chegar a 15 anos.
 
8 - O que é o Qualisol?
O Qualisol (Programa de Qualificação de Fornecedores de Sistemas de Aquecimento Solar), desenvolvido pela Abrava, Inmetro e Procel, qualifica serviços de instalação dos sistemas de aquecimento solar. No site do Inmetro é possível ter acesso à lista das empresas certificadas.
 
9 - Onde as placas e o boiler são instalados?
Geralmente, as placas são instaladas em cima do telhado e o bolier é abrigado embaixo do telhado.
 
10 – É preciso muito espaço para as placas e o bolier?
Na maioria dos casos o coletor solar irá precisar de uma área entre dois e quatro metros quadrados que receba insolação. Já o boiler geralmente precisa de um espaço de dois metros quadrados.
 
11- Como deve ser feita a manutenção?
Limpeza ao menos uma vez por ano dos vidros antes do inverno e eventual troca do sistema complementar elétrico em caso de queima, o que acontece com raridade, uma vez que é pouco utilizado.
 
Benefícios ambientais do uso do aquecimento solar
 
Setor Elétrico: 
  • Redução do consumo no horário de pico de demanda do sistema elétrico
  • Produção de energia no ponto de uso (alívio de todo o sistema elétrico)
  • Redução da pressão por investimentos na geração de eletricidade
  • Contribuição para a qualidade e confiabilidade do sistema elétrico
  • 500 MWh/h: Energia gerada pelos sistemas de aquecimento solar no Brasil (aproximadamente 1% da demanda no horário de ponta)
Meio Ambiente e Sociedade:
  • Não poluente (energia limpa) e menores impactos socioambientais
  • Redução de emissão de gases (efeito estufa) e de combustíveis fósseis
  • Produzidos geralmente por empresas de pequeno e médio porte
  • Tecnologia e produção em escala crescente com viabilização comercial
  • Geração de mais emprego por unidade de energia
  • Redução média de 30% na conta total de energia residencial
  • Agrega valor ao empreendimento 
  • Reconhecida no mundo como solução mais viável para aquecimento de água
  • O Brasil possui excelentes condições climáticas para o aquecimento solar
Cada metro quadrado de coletor solar instalado, utilizado durante um ano, equivale a:
  • 56 metros quadrados de áreas inundadas (hidrelétricas)
  • 215 quilos de lenha
  • 66 litros de diesel
  • 55 quilos de gás
Fonte: DASOL


 
 

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