A ideia é espalhar milhares de caixas por academias, escritórios, lugares públicos. Equipadas com vidro, elas funcionam como vitrines ambulantes de produtos facilmente consumidos em mercadinhos por aí. Para comprar seu produto, o cliente, através de um aplicativo no smartphone, abre o compartimento, escolhe e paga o produto.
A localização, bem como a reposição desse estoque, é feita com base na análise de dados – é uma máquina de vendas futurística.
Com desenvolvimento conduzido por dois ex-funcionários do gigante Google, a startup ia muito bem até esbarrar em um primeiro (e inesperado) obstáculo, ligado a seu nome: Bodega.
Cuidados ao construir uma marca
O lançamento da startup Bodegafoi bem difundido e acompanhado de uma eficiente ação de marketing. No entanto, uma questão cultural muito forte logo se converteu na primeira crise do empreendimento.
Nos Estados Unidos, o nome bodegaé relacionado a pequenos mercados, tanto nos bairros quanto nos grandes centros, onde pode-se se comprar de um tudo – vem daí o nome da startup. Outra característica desses empreendimentos é a presença de imigrantes trabalhando.
Mas qual foi o problema? Foi justamente o forte traço cultural e popular do nome bodega. Ao criar uma tecnologia que faz uso de um nome tão ligado às raízes dessas vendinhas e, principalmente, oferecer um modelo de negócio que se aproxima dos dele, imprimiu à novidade um ar predatório.
As redes sociais não tardaram em se manifestar (negativamente) e, em pouquíssimo tempo, a startup Bodegaera o alvo das discussões.
Críticas e público alvo
Dentre os principais posicionamentos contrários à startup estava o de que elas viriam para “destruir” as atuais bodegas – fato que a própria empresa veio a público desmentir e que sequer estava no alvo de suas atividades.
Outra questão amplamente abordada relaciona-se ao fato de que as pequenas bodegas são traços de humanidade em meio a um cotidiano dominado pelas gigantescas redes de varejo, cafés e drugstores.
Por fim, há a questão cultural: as bodegas tradicionais são pequenos paraísos onde os imigrantes ainda encontram formas de desenvolver seus negócios em tempos de tantas dificuldades e intolerância.
Pesquisa de mercado
Ao contrário do que parece, a startup Bodegafez, sim, a lição de casa antes de lançar-se aos tentáculos do mercado.
Fez pesquisas de campo, inclusive sobre o nome, e não obteve resultados negativos. Posteriormente, os donos vieram a público para afirmar que, provavelmente, as perguntas foram feitas para as pessoas erradas.
O episódio mostra a importância do planejamento no processo de construção de uma marca e, consequentemente, de sua reputação. Mesmo com todos os passos sendo seguidos, não foi possível evitar a primeira crise.
Hora de remediar
A história e o futuro da startup Bodega ainda estão sendo escritos, mas, neste momento, a companhia já começou a se posicionar com humildade, fazendo o mea culpa.
O CEO da startup fez um texto na plataforma Medium comentando o episódio e pedindo desculpas.
Especialistas apontam que trata-se de uma proposta viável, que é reconhecer a situação e tentar remediá-la a partir daí. Os próximos passos do caso Bodega, só o tempo – e o mercado – dirão.