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A história da Apple através de Steve Wozniak

A Apple começou com o encontro de um garoto tímido que só queria construir computadores e ser feliz, e outro jovem ambicioso com talento nato para as vendas e uma vontade de ser grande. A história de Steve Wozniak e Steve Jobs resultou em uma das maiores empresas da atualidade, que gerou grande inovação tecnológica e fez muito, muito dinheiro. Mas começou assim como todas as outras empresas, como uma startup.

O próprio Steve Wozniak falou sobre a jornada da empresa na HSM Expo 2016, realizada em São Paulo. Ele conta que os computadores sempre foram o seu grande objeto de fascínio, e que Jobs sempre lidou com a parte humana da Apple. Para ele, tudo começou com uma história numa revista sobre uma civilização que era capaz de burlar o sistema de telefone para criar a sua própria rede de comunicação.

A história era chamada de “Os segredos da pequena caixa azul”, e ela intrigou os dois jovens. Wozniak conta que ligou para Jobs, leu a história para ele e falou: “Tem alguma coisa errada, isso parece real demais”. Então, os dois foram pesquisar nas bibliotecas de universidades se o aparelho descrito na história realmente poderia ser feito, e era possível. Eles fizeram o aparelho a partir de outros telefones e peças compradas nas raras lojas de computação de Silicon Valley e conseguiram um aparelho que fazia ligações gratuitas.

Wozniak lembra que perdia a timidez quando mostrava o aparelho a outras pessoas, e sabia que aquilo era o que queria fazer na vida, além de ensinar (ambição que ele concretizou mais tarde, dando aulas por oito anos). E enquanto Wozniak se maravilhava com a tecnologia, Jobs mostrava ao que veio. “Steve Jobs sempre foi um vendedor”, afirmou Wozniak. “Ele disse ‘nós devíamos vender isso’. Ele sabia comprar algumas partes eletrônicas por 6 centavos e vende-las por 6 dólares. Eu perguntava porque não vender isso por mais ou menos o quanto pagamos, e ele dizia ‘eles não sabem, não ligam’”.

Steve ainda estava na faculdade quando passou a oferecer as suas invenções para empresas de computação. “Eu fazia pela diversão, nem pedia dinheiro em troca” ele afirma. O engenheiro conta que foi a pessoa que introduziu Jobs aos clubes de computação, “Não acredite nos filmes que mostram Steve Jobs me levando a um clube de computadores”. E que foi neles que surgiu a ideia de formar a Apple. Wozniak tinha uma ideia de computador pessoal e ela era negada em toda empresa, então eles começaram o seu próprio negócio.

A ideia inicial da Apple partia do princípio de que computadores deveriam ser pessoais, e que eles deviam vir prontos. As pessoas não querem montar computadores, elas querem tê-los. Então eles venderiam partes que facilitariam isso. Nenhum deles tinha um diploma quando começaram a empresa.

Wozniak conta que era difícil lidar com a vontade constante de Jobs de baratear os computadores. “Ele não entendia porque as coisas eram tão caras”, disse. Wozniak lembra que um grupo de engenheiros foi chamado para ajudá-lo com a situação e, quando eles falaram que era impossível naquela época deixar os computadores mais baratos que os 10 mil dólares que custavam, ele os chamou de estúpidos e expulsou-os da sala. Steve Jobs não tinha mais autorização de participar de grandes projetos depois disso.

Então, Jobs ficou de castigo em um projeto menor, o Macintosh. A ideia é que ele fosse um computador barato, porque mesmo que todo mundo falasse para ele que era impossível baratear o projeto, Jobs queria que ele se tornasse realidade. O resultado foi um programa feito para parecer um computador, e ele funcionava, era amigável ao usuário. Wozniak brinca que o grande erro foi mostrar o projeto para Bill Gates.

A empresa não ia mal até o momento, mas ela só passou a crescer de verdade depois do invento do iPod e do iPhone. “As pessoas não sabem disso, mas Steve falhou bastante antes de conseguir o iPod”, conta Wozniak. Para ele, o sucesso da empresa não era uma grande preocupação, ele estava fazendo o que gostava e era isso que importava.

Mas ele se lembra que Jobs mudou bastante depois que a empresa decolou. “Ele sempre quis ser uma pessoa importante, e sempre quis fazer uma diferença positiva no mundo. E agora nós tínhamos o financiamento de um anjo e muito dinheiro. Ele se tornou um homem sério de negócios. Aprendeu a falar com a imprensa e se tornou o lado dos negócios da companhia”, falou. No fim, ele fez o que sempre quis: mudou o mundo.

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