Segundo o engenheiro e sócio fundador do Grupo ICEC, Guilherme Araújo, que oferece soluções de energia e construção, a energia ocupa a segunda ou terceira posição no ranking dos insumos mais custosos para o varejo. Em alguns casos, os gastos podem corresponder a 5% do resultado total de uma loja.
Sem dúvida, você já deve ter notado o peso desse gasto no orçamento da sua empresa, mas existem maneiras de reduzir o valor desse componente e ainda adotar práticas mais sustentáveis em seu negócio.
Durante o 1º Fórum de Sustentabilidade para o Varejo, organizado pela área de Sustentabilidade e Internacionalização da GS&MD, que aconteceu no dia 28 de setembro, em São Paulo, Guilherme Araújo falou sobre eficiência energética e fontes alternativas e ainda apresentou a possibilidade da autoprodução de energia, através da resolução nº 687 da Agência Nacional de Energia de Elétrica, a ANEEL. Segundo o especialista, essa prática pode gerar uma economia considerável para as companhias.
Para ilustrar, Araújo levou um caso real de um cliente, uma rede varejista que utiliza um total de um megawatt de energia para abastecer cem por cento do consumo de uma rede de 13 lojas.
O modelo trabalhado para viabilizar esse projeto para o varejista é por meio de um contrato em que a prestadora oferece o investimento, a construção e manutenção da estrutura fotovoltaica (solar) em troca de sua locação a longo prazo. “Esse contrato vai se traduzir em uma economia de R$ 112 mil na conta de energia para essas 13 lojas, no primeiro ano do projeto”, conta. Essa economia é baseada na bandeira verde, que é o patamar mais baixo de cobrança. Caso a bandeira mude para amarela, vermelha 1 ou vermelha 2, a redução nos gastos será ainda maior.
AUTOPRODUÇÃO DE ENERGIA
Após a validação da versão final da resolução nº 687, em março desse ano, foram estipuladas quatro possíveis modalidades de autoprodução de energia por empresas ou pessoas físicas. São elas:
1 - Geração distribuída junto à carga, em que o gerador é instalado no telhado ou quintal da propriedade. Um exemplo interessante de instalação é a aplicação de painéis na área de estacionamento, gerando, além da energia, sombra e abrigo para os veículos.
2 - Autoconsumo remoto, quando o consumidor não tem espaço disponível para instalação da estrutura na sua propriedade, mas constrói uma usina remota que distribui a energia para as outras unidades, contabilizando créditos na conta.
3 - Geração compartilhada, que é igual ao segundo modelo, mas o consumidor e a usina não precisam ter o mesmo CNPJ ou CPF, compartilhando a cota.
4 - Usina única, em que é instalada uma única estrutura para todos os ocupantes de um condômino, geralmente residencial, com sistema de divisão da cota produzida.
No Grupo ICEC, as opções de energia trabalhada são a fotovoltaica e a mini hidrelétrica. Segundo Araújo, a geração distribuída permitida por essas fontes traz diversos benefícios para o sistema. “Ao gerar (energia) próximo ao consumo, você alivia a necessidade de construção de linhas de transmissão, alivia o sistema, diminui a necessidade de construção de grandes usinas centralizadas, que hoje em dia não são mais possíveis sem causar um impacto ambiental importante”, conta.
O engenheiro também chamou a atenção para o uso da energia solar, que é uma das limpas disponíveis. “Cada megawatt hora (produzido) cancela, no Brasil, aproximadamente, 200 quilos de dióxido de carbono (emitidos na atmosfera) ”, explica o engenheiro, comprovando que a prática alia economia e baixo impacto ambiental.
EFICIÊNCIA E ECONOMIA
Pierre Yves Mourgue, presidente da empresa Greenyellow do Brasil, que trabalha com projetos de energia renovável e eficiência energética, também falou sobre o tema no evento. A companhia é especialista em economia de energia no setor varejista, principalmente no ramo de supermercados. “A Greenyellow é um tipo de urubu que vive dos gastos de energia desnecessários do varejo”, brinca o presidente.
Por meio de seus projetos de otimização dos freezers, do ar condicionado e da iluminação, que juntos correspondem a 90% dos gastos de energia, e também da estrutura do caixa de pagamento, que tem um percentual de 10% no gasto, a empresa consegue uma economia de 25% na conta no fim do mês. “Se o telhado (do supermercado) comportar painéis solares em um lugar com bastante sol, a economia pode ficar entre 30% e 40%”, conta Mourgue.
Entre as mudanças feitas nas unidades de varejo está a troca da iluminação por lâmpadas de LED, instalação de portas e coberturas nos freezers e automação do ar condicionado. Depois de aplicado o projeto, é feito um monitoramento continuo para garantir que a economia seja garantida ao longo do tempo.
Segundo Pierre, o varejista também pode fazer essas implementações por conta própria em suas propriedades, garantindo economia e evitando o desperdício de recursos.