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Os desafios da mulher líder no Brasil

Foto: Shutterstock

Empresas que promovem a diversidade no ambiente de trabalho têm maior predisposição a ter retornos financeiros acima da média do mercado e conseguem construir relações mais fortes com clientes porque sua gestão reflete um ambiente diversificado. Entretanto, as companhias brasileiras não retratam esse cenário.

A 6ª edição do Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas mostrou que mulheres ocupam 13,6% dos cargos executivos nas empresas; negros apenas 4,7%. As posições restantes são preenchidas pelo mesmo perfil profissional: homens brancos.

Silvia Fazio faz parte da minoria de mulheres que possuem cargos de liderança. Advogada formada pela Universidade de São Paulo, com especializações na Universidade de Heiderlberg, Universidade de Bologna e Universidade de Londres, é a atual sócia no Brasil do escritório global de advocacia Chadbourne & Parke LLP.

Com praticamente sete anos de mercado, Silvia iniciou no seu primeiro cargo de liderança como sócia da Collyer Bristow LLP, escritório de advocacia londrino. Quando começou a conduzir reuniões e participar de encontros com outros líderes, teve contato com o chamado preconceito corporativo. “Mulher, latino-americana e jovem. Participei muitas vezes de reuniões onde a maioria dos presentes eram homens, brancos e 20 anos mais velhos. Foi quando comecei a entender as reclamações de outras companheiras”, conta.

A maturidade profissional chegou às pressas. Silvia relembra que teve que aprender a adotar uma postura muito firme em alguns encontros. “Você não tem voz, infelizmente você parece não ser ouvida. Desenvolvi ferramentas para lidar com isso e comecei a impor meu valor profissional em situações como essa”. Infelizmente, quando retornou ao Brasil após 10 anos em Londres, descobriu que encontraria os mesmos desafios. “Você é julgada constantemente pela sua postura. Se é firme, é errada. Se é maleável, é fraca. As características ovacionadas em homens, como ambição, nas mulheres virão críticas”.

As dificuldades fizeram novamente Silvia se reinventar. E, ao ingressar no cargo que ocupa até hoje, começou a exercer uma liderança muito mais proativa e voltada para inclusão. “Procuro envolver todo o ambiente corporativo nessa causa. Tento fazer com que as pessoas que trabalham comigo desconstruam preconceitos enraizados”. Em relação às mulheres de sua equipe, apresenta os obstáculos que podem enfrentar no caminho e a importância de conhecê-los para conseguir combatê-los com eficiência.

Além da mudança de comportamento, Silvia ajudou o grupo WILL (Women in Leadership in Latin America) a se posicionar no Brasil. A iniciativa, presente em dezenas de países no mundo, oferece serviços de consultoria a empresas, além de auxiliar com campanhas e promover eventos que discutam a mulher na liderança.

Para as mulheres que estão ingressando agora no ambiente de trabalho, Silvia pede para que não tenham medo e nem vergonha, independentemente da posição que estejam ocupando. “Mostro que não devemos ter medo de sermos ambiciosas, não podemos perder a esperança e nem nos prender às críticas. Lideranças femininas e masculinas são complementares e precisam trabalhar em conjunto e é por isso que invisto tanto nessa iniciativa”, conclui.

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