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Como trabalhar a diversidade racial no ambiente corporativo

Em 2004, uma inquietude de Patrícia de Jesus com os processos de recrutamento das empresas originou o EmpregueAfro, consultoria especializada em inclusão social e étnico-racial. “Eu trabalhava já há alguns anos na área de Recursos Humanos e, ao passar por diversas instituições, percebi que a porcentagem de profissionais negros participando de processos seletivos era mínima”, conta a Consultora, formada em Pedagogia e Gestão de Pessoas.

Ao realizar pesquisas no meio que trabalhava e com conhecidos, Patricia identificou o chamado racismo institucional, sistema de desigualdade que se baseia na raça e que pode ocorrer em empresas, universidades e demais instituições. “O medo de sofrer preconceito era tanto, que muitas pessoas com que conversei tinham receio em se inscrever em processos seletivos até de faculdades”, relembra.

A partir do resultado, as primeiras iniciativas do EmpregueAfro foram destinadas a escolas e cursos superiores. Palestras sobre a importância da diversidade e do desenvolvimento profissional começaram a ser ministradas para jovens que estavam prestes a ingressar na faculdade e no mercado de trabalho. O segundo passo da organização foi começar a oferecer para empresas um serviço de consultoria em recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento e comunicação acerca da temática afrodescendente.

De acordo com Patrícia, nos 12 anos de EmpregueAfro, a organização já firmou parceria com empresas como HP, IBM, Nike, PwC, Citibank, Microsoft, Carrefour e Avon – com a qual, inclusive, lançou o Programa de Estágios EmpregueAfro e Avon 2017. “O foco do meu trabalho é mostrar para as empresas a importância de dar oportunidades. Nós, negros, somos a maioria entre a população, mas não somos representados nas corporações”, diz.

Porém, ainda há muito o que se fazer de acordo com as estatísticas. A 6ª edição do Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas revelou que apenas 4,7% dos cargos executivos nas principais companhias são preenchidos por negros. Esse número, em 2010, era de 5,3%. “As empresas têm que enxergar a diversidade como uma responsabilidade social e demonstrar para sociedade que quer ser mais justa e igualitária. É importante que a comunidade esteja representada dentro do ambiente corporativo”.

A Consultora classifica a EmpregueAfro como uma ação afirmativa para inclusão e ascensão do negro no mercado de trabalho. “Mostramos o porquê da inclusão e o porquê trabalhar com o tema. É muito bonito ver a diferença nos ambientes corporativos após realizarmos nosso trabalho dentro de uma empresa”, diz Patrícia, ao afirmar que além de trazer benefícios para as companhias, as iniciativas aumentam o engajamento de quem está ao redor, pois mostra que é possível mudar a realidade do país.

Em 2017, Patrícia espera continuar sua parceria com empresas como Carrefour e Avon, com as quais já conseguiu alcançar ótimos resultados de inclusão e afirmou ter firmado parceria com a multinacional de agricultura Monsanto. Para quem está iniciando no mercado de trabalho no novo ano, a Consultora indica procurar redes de networking de profissionais negros, para trocarem experiências a respeito da diversidade no ambiente de trabalho e se fortalecerem como grupo. “Acima de tudo, seja você mesmo. Seja autêntico, sempre”, conclui.

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