Apertar o cinto. Esse será o lema de todos os setores para o ano de 2015. O jargão “o ano só começa mesmo depois do Carnaval” não será compatível à realidade para os varejistas e empreendedores, pois desde o final do ano passado, o segmento de bens de consumo, como a linha branca, automóveis e eletrodomésticos, está sentindo o forte impacto da desaceleração econômica em seus respectivos faturamentos. Em meio a essa crise, dois setores poderão ver uma luz no final do túnel: o de alimentação - os brasileiros estão comendo mais “fora de casa”, optando por delivery, rotisserias e restaurantes - e o de vestuário, se souber aproveitar o período de troca de coleções. |
Eles são a “bola da vez”, já que sempre há grandes liquidações no primeiro trimestre. Nesse período, há a tendência de que os consumidores comprem mais e, nesse momento, se alimentem fora de casa. Porém, isso não quer dizer que não terão desafios pela frente, fazendo-osrever o planejamento de ações e financeiro para o assombroso 2015.
De maneira geral, se essas empresas conseguirem aproveitar o alerta para escassez de água e as restrições ao crédito para consumidores, poderão ver seu faturamento no azul, entretanto investimentos serão primordiais. Por exemplo, ampliar o período de baixa nos preços e realizar venda casada de produtos, no caso dos eletrodomésticos.
Ainda nesse contexto, mas migrando para os cenários dos grandes centros comerciais, o grande gerador de fluxo nos shoppings é o mercado de moda, que acaba alavancando lucro para outros setores. Uma alternativa para continuar no ritmo crescente é ampliar o período de liquidações. A indústria de vestuário e as lojas devem aproveitar para esvaziar os estoques antes do lançamento da nova coleção de inverno. Estender preços menores por mais tempo será uma ótima pedida para fazer bons negócios e manter as vendas no varejo.
Com a maior movimentação, os outros setores, como o de alimentação, também tendem a se beneficiar. Porém, o empreendedor deste segmento deve ficar atento e renovar seu maquinário, pensando, principalmente, em economizar água, problema que está atingindo as grandes metrópoles brasileiras.
Algumas redes estão considerando mudar o horário de atendimento em função do horário de abastecimento da água, mas, via de regra, isso é um erro. O cliente já está habituado a frequentar o local em determinado dia e horário e respeitar essa demanda é fundamental para manter as vendas aquecidas. Uma alternativa é, em vez de lavar louça à mão, aos poucos, optar por uma máquina de lava-louça com maior capacidade, otimizar o freezer e a geladeira para gastar menos energia, ampliar a capacidade de armazenamento de água (instalar nova caixa d’água) e até temporizadores para as torneiras e descargas. A economia não deve ser só do consumidor, mas do empresário também, para não afastar os clientes.
2015 será um ano de estagnação e, em alguns casos, até de recessão para muitos setores. É importante ter jogo de cintura, planejar as ações e economizar para conseguir manter as contas em equilíbrio.
Luis Henrique Stockler é é graduado em administração de empresas pela FGV, especializado em Marketing pela ESPM e tem MBA de gestão pelo ITA/ESPM e pela FIA/USP. Luis é mentor da Endeavor, palestrante credenciado na ABF e, na área acadêmica, ministra aulas de gerenciamento de franquias e marketing na FIA/PROVAR e gerenciamento imobiliário para varejo na FGV-SP. É também sócio-fundador da ba}.