Mas é isso mesmo. Depende em geral de vários fatores e minha missão aqui será tornar a busca por essa resposta um pouco mais fácil para aqueles que pretendem empreender nesse segmento tão em alta atualmente. Sobretudo porque é muito importante perceber o quanto vale a pena contratar uma franquia em vez de arriscar-se em um “voo solo” com os riscos que lhe são inerentes. |
Quase sempre ao analisar-se o investimento para abertura de uma unidade franqueada, depara-se com o questionamento a cerca de valer a pena entrar num sistema pré-determinado, onde a gestão estará condicionada às normas e procedimentos indicados pela franqueadora.
Além disso, adquirir uma franquia é sempre muito mais caro do que montar um negócio próprio independente. Fora o investimento inicial, a taxa de franquia ou de adesão ao sistema ainda há obrigações pecuniárias no curso do contrato, como royalties mensais, taxas de propaganda e marketing, vitrine, sistema, ambientação musical etc. que podem tornar o tal questionamento ainda maior.
As pesquisas de mercado demonstram que o índice de mortalidade das franquias é substancialmente mais baixo do que o dos novos negócios. Segundo o SEBRAE 80% deles fecha antes de cinco anos de operação e nos sistemas franqueados esse percentual não ultrapassa os 15%.
Obviamente franquia não é sinônimo de sucesso. É um negócio e como todo negócio tem risco. Entretanto, tomando-se as necessárias precauções, fazendo-se o dever de casa para bem contratar, estes riscos tendem a ser menores do que os que normalmente se enfrentam nos novos negócios, totalmente desconhecidos do público consumidor.
Se você tem experiência em empreender, sabe como montar um novo negócio sozinho, não pretende seguir padrões pré-estabelecidos, talvez se tornar um franqueado não valha à pena. Entretanto, se ao contrário, você nunca trabalhou, ou sempre foi empregado e nunca teve a frente da administração de uma empresa, a opção pela franquia começa a fazer algum sentido.
Em regra, o novo gera desconfiança. A solidez de uma marca reconhecida, pelo contrário, atrai seu público para as novas unidades, sem qualquer interferência direta e pessoal do franqueado. Isso, sem dúvida, não pode ser desconsiderado.
Mas, como tudo na vida, a franquia não é só isso. Não só de uma marca forte se faz um bom negócio. Ela ajuda, mas não garante o sucesso. Pior, nem só de marcas fortes é feito o mercado de franquias. Existem negócios recém-iniciados que, na contramão do que se deveria esperar já estão sendo franqueados. Ou seja, franqueadores imaturos, com negócios imaturos, que muitas vezes sequer detém o poder sobre a administração de suas próprias lojas, se aventuram a franquear novas unidades para, com isso, obter o fortalecimento de uma marca iniciante, através do investimento de franqueados desavisados.
É exatamente nestes casos que a análise inicial do candidato à franquia se torna imprescindível. Até que ponto essa marca nova vale o investimento que está sendo pedido? Será que com esse mesmo valor não posso montar meu próprio negócio? Será que esse “novo” franqueador tem realmente algum suporte a me oferecer que possa justificar investir no negócio dele? Será que esse suporte facilitará minha operação e viabilizará o sucesso de minha unidade?
Por isso adquirir uma franquia deve levar em conta uma série de características que envolvem as partes contratantes. A solidez e conhecimento da marca que se pretende representar, a satisfação e o retorno do negócio analisado pelos próprios franqueados que operam na rede, o perfil da franqueadora e do franqueado, a identificação com o negócio que se irá explorar, a capacidade financeira de investir na implantação da operação e, sobretudo, no seu período de maturação, onde na maioria das vezes é necessário injetar capital para que o negócio se desenvolva.
Contratar uma franquia não exige apenas dinheiro. Exige estudo, dedicação, empenho, avaliação por parte do candidato. O contrato de franquia é bilateral, onde há direitos e obrigações para ambas as partes, portanto, antes de assiná-lo o candidato à franquia deve ter feito a sua análise prévia, a sua ponderação sobre as peculiaridades que este tipo de contratação engloba. Afinal, não se deve deixar para depois do contrato assinado e do investimento feito, a conclusão do que está sendo efetivamente contratado.
Ana Cristina Von Jess é Diretora Jurídica adjunta da ABF-Rio
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