O administrador do condomínio onde eu moro lançou recentemente uma nova lei, proibindo que cães possam passear sem coleira dentro dos limites do prédio. A nova medida gerou uma reação contrária por parte de alguns condôminos, afinal, eles sempre andaram com seus cachorros livres e nunca houve problemas. No entanto, o administrador argumentou: 'Não vamos esperar acontecer uma fatalidade com uma criança para tomarmos uma medida, certo? |
Para mostrar alguma flexibilidade, ele permitia que os insatisfeitos provassem a ele que seus animais eram dóceis, obedientes e bem treinados a fim de permitir exceções. O método era muito simples: ele os recebia com seus animais em sua própria casa e, de fato, a maioria demonstrava sinais de que era muito mansa. Mas, num certo ponto, ele chamava seu filho de 5 anos, aproximadamente e perguntava: 'O teste final é com o meu filho. Ele vai abraçar o seu cachorro, pular em cima dele, puxar suas orelhas e o rabo. Se ele permanecer impassível, eu te dou a autorização para sair sem coleira.'
A reação natural do dono era: 'Mas, e se acontecer alguma coisa? Você vai deixar o seu filho ser mordido?' Sua resposta foi surpreendente: 'Ora, você diz que seu cachorro é manso e incapaz de fazer mal a uma criança. Eu estou confiando a você a vida do meu filho para confirmar que realmente nada vai acontecer. Posso confiar em você, não é?' As reações variavam em torno da seguinte constatação: 'Pode confiar em mim, sim. Mas os animais são imprevisíveis. Por mais que ele seja calmo e tranquilo, não posso colocar a mão no fogo sempre. Não posso aceitar esta responsabilidade.'
As reclamações cessaram, todos os condôminos aceitaram sair com seus animais presos e o administrador nunca mais teve precisou se indispor com ninguém, pois todos se convenceram. Um dia, conversando informalmente com o administrador sobre este assunto, ele me confidenciou que jamais colocaria seu filho nesta situação. Era uma jogada! Ele já sabia qual seria a reação das pessoas e usou o próprio comportamento para convencê-las. O administrador sabia que quando a confiança era colocada à prova, as pessoas se retraíam em suas convicções. Você só sabe se pode confiar em alguém quando é colocado à prova. Palavras não denotam o grau de confiabilidade, mas sim ações. Confira os quatro pilares da confiança:
1. Credibilidade
Se eu confio em você, sei que tem uma boa reputação, que nunca enganou ninguém e que a sua imagem pessoal diz quem você é. Pessoas confiáveis são pessoas que prezam por sua honestidade e procuram sempre atrelar seu nome a virtudes de integridade e justiça. Uma coisa é o que você fala sobre si mesmo e outra é o que as pessoas falam de você.
2. Coerência
Se eu confio em você e sei que você faz o que prega, existe coerência entre o que você fala e suas ações. Pessoas confiáveis não entram em contradição. Elas constroem sua credibilidade em função de boas escolhas de palavras que refletem não só o que pensam, mas também o que praticam.
3. Aceitação
Se eu confio em você, sei que você me aceita como sou e respeita minhas opiniões. Pessoas confiáveis tem alto grau de tolerância ao outro, sobretudo, quando algo dá errado. A confiança é colocada à prova quando as pessoas não fogem em momentos de dificuldades.
4. Sinceridade
Se eu confio em você, sei que posso falar com toda honestidade qualquer coisa sobre mim ou você, mesmo que isso possa te magoar. Pessoas confiáveis são muito francas e falam o que precisa ser dito, pois querem que os outros cresçam e melhorem.
Faça uma lista das pessoas na sua rede de contatos, familiares, colegas de trabalho e amigos pessoais que preenchem estes requisitos. Você verá que a confiança é um artigo raro e que não é esperado que seja criada com todas as pessoas a nossa volta, mas sim com algumas poucas que realmente valem a pena. No mundo dos negócios, com sócios, investidores e funcionários-chave.
Marcos Hashimoto é Professor do Mestrado Profissional em Administração de Empresas da Faculdade Campo Limpo Paulista e da Fundação Instituto de Administração (FIA), Consultor e Palestrante, doutor em Administração de Empresas pela EAESP/FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas), autor do livro Lições de Empreendedorismo e do software SP Plan de planos de negócios. Seu site pessoal é www.marcoshashimoto.com
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